O artigo(em língua inglesa) lançado por Júlio Peres na revista PLOS ONE encontra-se para download gratuito no link abaixo.
http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0049360#
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Os avanços da ciência da alma
Uma pesquisa inédita usa
equipamentos de última geração para investigar o cérebro dos médiuns durante o
transe. As conclusões surpreendem: ele funciona de modo diferente
DENISE PARANÁ, DA FILADÉLFIA, ESTADOS UNIDOS
Uma médium brasileira psicografa no laboratório do
Hospital da Universidade da Pensilvânia
(Foto: Denise Paraná/ÉPOCA)
Estávamos no mês de julho de
2008. Na Rua 34 da cidade da Filadélfia, nos Estados Unidos, num quarto do Hotel
Penn Tower, um grupo seleto de pesquisadores e médiuns preparava-se para algo
inédito. Durante dez dias, dez médiuns brasileiros se colocariam à disposição
de uma equipe de cientistas do Brasil e dos EUA, que usaria as mais modernas
técnicas científicas para investigar a controversa experiência de comunicação
com os mortos. Eram médiuns psicógrafos, pessoas que se identificavam como
capazes de receber mensagens escritas ditadas por espíritos, seres situados
além da palpável matéria que a ciência tão bem reconhece. O cérebro dos médiuns
seria vasculhado por equipamentos de alta tecnologia durante o transe mediúnico
e fora dele. Os resultados seriam comparados. Como jornalista, fui convidada a
acompanhar o experimento. Estava ali, cercada de um grupo de pessoas que
acreditam ser capazes de construir pontes com o mundo invisível. Seriam eles,
de fato, capazes de tal engenharia?
A produção de exames de
neuroimagem (conhecidos como tomografia por emissão de pósitrons) com médiuns
psicógrafos em transe é uma experiência pioneira no mundo. Os cientistas Julio
Peres, Alexander Moreira-Almeida, Leonardo Caixeta, Frederico Leão e Andrew
Newberg, responsáveis pela pesquisa, garantiam o uso de critérios rigorosamente
científicos. Punham em jogo o peso e o aval de suas instituições. Eles
pertencem às faculdades de medicina da Universidade de São Paulo, da
Universidade Federal de Juiz de Fora, da Universidade Federal de Goiás e da
Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia. Principal autor do estudo, o
psicólogo clínico e neurocientista Julio Peres, pesquisador do Programa de
Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser), do Departamento de Psiquiatria
da Faculdade de Medicina da USP, acalentava a ideia de que a experiência
espiritual pudesse ser estudada por meio da neuroimagem.
Pela primeira vez, o cérebro dos médiuns foi investigado com os recursos
modernos da neurociência.
Em frente ao Q.G. dos médiuns
no Hotel Penn Tower, o laboratório de pesquisas do Hospital da Universidade da
Pensilvânia estava pronto. Lá, o cientista Andrew Newberg e sua equipe
aguardavam ansiosos. Médico, diretor de Pesquisa do Jefferson-Myrna Brind Centro
de Medicina Integrativa e especialista em neuroimagem de experiências
religiosas, Newberg é autor de vários livros, com títulos como Biologia da
crença e Princípios de neuroteologia. Suas pesquisas são
consideradas uma referência mundial na área. Ele acabou por se tornar figura
recorrente nos documentários que tratam de ciência e religião. Meses antes,
Newberg escrevera da Universidade da Pensilvânia ao consulado dos EUA, em São
Paulo, pedindo que facilitasse a entrada dos médiuns em terras americanas. O
consulado foi prestativo e organizou um arquivo especial com os nomes dos
médiuns, classificando-o como “Protocolo Paranormal”.
“É conhecido o fato de experiências religiosas
afetarem a atividade cerebral. Mas a resposta cerebral à mediunidade, a prática
de supostamente estar em comunicação com ou sob o controle do espírito de uma
pessoa morta, até então nunca tinha sido investigada”, diz Newberg. Os
cientistas queriam investigar se havia alterações específicas na atividade
cerebral durante a psicografia. Se houvesse, quais seriam? Os dez médiuns,
quatro homens e seis mulheres, participavam do experimento voluntariamente.
Foram selecionados no Brasil por meio de uma longa triagem. Entre os
pré-requisitos, tinham de ser destros, saudáveis, não ter nenhum tipo de
transtorno mental e não usar medicações psiquiátricas. Metade dos voluntários
dizia carregar décadas de experiência no “intercâmbio espiritual”. Outros,
menos experientes, apenas alguns anos.
Na Filadélfia, antes de a
experiência começar, os médiuns passaram por uma fase de familiarização com os
procedimentos e o ambiente do hospital onde seriam feitos os exames. O
experimento só daria certo se os médiuns estivessem plenamente à vontade. Todos
se perguntavam se o transe seria possível tão longe de casa, num hospital em
que se podia perguntar se Dr. Gregory House, o personagem de ficção interpretado
pelo ator inglês Hugh Laurie, não apareceria ali a qualquer momento.
Numa sala com aviso de perigo,
alta radiação, começaram os exames. Por meio do método conhecido pela sigla
Spect (Single Photon Emission Computed Tomography, ou Tomografia Computadorizada
de Emissão de Fóton Único), mapeou-se a atividade do cérebro por meio do fluxo
sanguíneo de cada um dos médiuns durante o transe da psicografia. Como tarefa
de controle, o mesmo mapeamento foi realizado novamente, desta vez durante a
escrita de um texto original de própria autoria do médium, uma redação sem
transe e sem a “cola espiritual”. Os autores do estudo partiam da seguinte
hipótese: uma vez que tanto a psicografia como as outras escritas dos médiuns
são textos planejados e inteligíveis, as áreas do cérebro associadas à
criatividade e ao planejamento seriam recrutadas igualmente nas duas condições.
Mas não foi o que aconteceu. Quando o mapeamento cerebral das duas atividades
foi comparado, os resultados causaram espanto.
Segundo a pesquisa, a mediunidade
pode ser considerada uma manifestação saudável.
Surpreendentemente, durante a
psicografia os cérebros ativaram menos as áreas relacionadas ao planejamento e
à criatividade, embora tenham sido produzidos textos mais complexos do que
aqueles escritos sem “interferência espiritual”. Para os cientistas, isso seria
compatível com a hipótese que os médiuns defendem: a autoria das psicografias
não seria deles, mas dos espíritos comunicantes. Os médiuns mais experientes
tiveram menor atividade cerebral durante a psicografia, quando comparada à
escrita dos outros textos. Isso ocorreu apesar de a estrutura narrativa ser
mais complexa nas psicografias que nos outros textos, no que diz respeito a
questões gramaticais, como o uso de sujeito, verbo, predicado, capacidade de
produzir texto legível, compreensível etc.
Apesar de haver várias
semelhanças entre a ativação cerebral dos médiuns estudados e pacientes
esquizofrênicos, os resultados deixaram claro também que aqueles voluntários
não tinham esquizofrenia ou qualquer outra doença mental. Os cientistas afirmam
que a descoberta de ativação da mesma área cerebral sublinha a importância de
mais pesquisas para distinguir entre a dissociação (processo em que as ações e
os comportamentos fogem da consciência) patológica e não patológica. Entre o
que é e o que não é doença, quando alguém se diz tocado por outra entidade. Os
médiuns estudados relataram ilusões aparentes, alucinações auditivas,
alterações de personalidade e, ainda assim, foram capazes de usar suas experiências
mediúnicas para tentar ajudar os outros. Pode haver, portanto, formas saudáveis
de dissociação. Uma das conclusões a que os cientistas chegaram é que a
mediunidade envolve um tipo de dissociação não patológica, ou não doentia. A
mediunidade pode ser uma expressão comum à natureza humana. Essas conclusões,
que ÉPOCA antecipa na edição que chegou às bancas na sexta-feira (16), foram
divulgadas na revista científica americana Plos One. O estudo
Neuroimagem durante o estado de transe: uma contribuição ao estudo da
dissociação tem acesso gratuito desde sexta-feira, dia 16, no endereço
eletrônico: dx.plos.org/10.1371/journal.pone.0049360.
EXPERIÊNCIA
1. Q.G. dos médiuns em quarto do Hotel Penn Tower, na Pensilvânia
2. Médium recebe marcador radioativo para captar a atividade cerebral durante o transe
3. Escaneamento cerebral por meio da técnica de tomografia computadorizada com emissão de de fóton único
4. Checagem final para garantir a qualidade do experimento, feita num pequeno laboratório
5. Análise das primeiras imagens cerebrais capturadas pelos cientistas
Julio Peres e Andrew Newberg
(Fotos: Denise Paraná/ÉPOCA)
(Fotos: Denise Paraná/ÉPOCA)
O maior de todos os psicógrafos
Naquele verão, na Filadélfia, os dez médiuns produziram psicografias espelhadas – escritas de trás para a frente –, redigiram em línguas que não dominavam bem, descreveram corretamente ancestrais dos cientistas que os próprios pesquisadores diziam desconhecer, entre outras tantas histórias. Convivendo com eles naquele experimento, colhendo suas histórias, ouvindo os dramas e prazeres de viver entre dois mundos, encontrei diferentes biografias. Todos eles compartilham, porém, a crença de que aquilo que veem e ouvem é, de fato, algo real. Outro ponto em comum: todos nutriam enorme respeito por Chico Xavier, considerado o modelo de excelência da prática psicográfica.
Mineiro de família pobre, fala
mansa e sorriso tímido, Chico Xavier recebeu apenas o ensino básico. Isso não o
impediu de publicar mais de 400 livros, alguns em dez idiomas diferentes,
cobrindo variados gêneros literários e amplas áreas do conhecimento. Ao final
da vida, vendera cerca de 40 milhões de exemplares, cujos direitos autorais
foram doados. Psicografou por sete décadas. Nenhum tipo de fraude foi
comprovada. Isso não significa que seus feitos mediúnicos sejam absoluta
unanimidade. Há controvérsias. O pesquisador Alexandre Caroli Rocha, doutor em
teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
chegou a conclusões que parecem favorecer a hipótese de que Chico fosse mesmo
uma grande e sintonizada antena. Em seu mestrado, ele analisou o primeiro livro
publicado pelo médium, Parnaso de além-túmulo, que trazia 259 poemas
atribuídos a 83 autores já mortos.
Seu estudo considerou os
aspectos estilísticos, formais e interpretativos dos poemas e concluiu que a
antologia não era um produto de imitação literária simples. Rocha descobriu,
por exemplo, que Guerra Junqueiro (1850-1923), um dos autores mortos, assinava
a continuação de um poema inacabado em vida. Não havia indício de que Chico
tivesse tido acesso ao poema antes de psicografar sua continuação. No
doutorado, Rocha concluiu que Chico reproduzia perfeitamente o estilo do
popular escritor Humberto de Campos (1886-1934). Nos textos que saíam da ponta
de seu lápis havia, segundo Rocha, um estilo intrincado e sofisticado,
detectável apenas por aqueles que conhecem bem como Humberto de Campos
funciona. Muitos dos textos atribuídos a Campos continham informações que
estavam fora do domínio público. Encerradas num diário secreto, tais informações
só foram reveladas 20 anos depois da morte de Campos e do início da produção
mediúnica de Chico.
A ciência pode desvendar a natureza da alma?
“Se eu pudesse recomeçar minha vida, deixaria de lado tudo o que fiz, para estudar a paranormalidade.” Essa confissão de Sigmund Freud a seu biógrafo oficial, Ernest Jones, marca um dos capítulos pouco conhecidos da história do pensamento humano. Pouca gente sabe também que muitas das teorias reconhecidas hoje pela ciência sobre o inconsciente e a histeria baseiam-se em trabalhos de pesquisadores que se dedicaram ao estudo da mediunidade. Talvez menos gente saiba que Marie Curie, a primeira cientista a ganhar dois prêmios Nobel, e seu marido, Pierre Curie, também Nobel, dedicaram espaço em suas atribuladas agendas ao estudo de médiuns. No Instituto de Metapsíquica em Paris, no início do século passado, Madame Curie inquiriu com seus assombrados olhos azuis a médium de efeitos físicos Eusapia Palladino. O casal Curie supôs que os segredos da radioatividade poderiam ser revelados por meio de uma fonte de energia espiritual. Quem seria capaz de imaginar isso hoje?
Outros cientistas laureados
com o Nobel consagraram parte de sua vida buscando respostas para os mistérios
da alma e a possibilidade de comunicação com os mortos. Pesquisas que hoje
seriam consideradas assombrosas, como materialização de espíritos, movimentação
de objetos à distância, levitação etc., foram realizadas na passagem entre os
séculos XIX e XX. Houve forte oposição materialista. Experimentos frustrados e
a comprovação de fraude de alguns médiuns lançaram um manto de ceticismo e
silêncio sobre o tema. Essa linha de pesquisa entrou em crise. Experimentos com
mediunidade aos poucos se tornaram uma mácula nos currículos oficiais dos
eminentes cientistas. E a ciência moderna acabou por condenar ao esquecimento
inúmeras pesquisas científicas sobre o assunto, algumas rigorosas. Enquanto o
cinema, a TV e a literatura cada vez se apropriam mais das questões do
espírito, a ciência dominante tem torcido o nariz e deixado essas reflexões
fora de seu campo.
A questão tem sido esquecida,
mas não totalmente. Apesar de ainda tímidas, pesquisas científicas sobre
comunicações mediúnicas, como a da Filadélfia, têm sido realizadas
recentemente. Basicamente, encontraram que, além de fenômenos que revelam
fraude proposital ou inconsciente do médium, há muito a explicar. Muita coisa
não cabe dentro do discurso que prevalece hoje na ciência. Pesquisadores da
área acreditam que a telepatia do médium com o consciente ou o inconsciente
daquele que deseja uma comunicação espiritual não explica psicografias nas
quais se revelam informações desconhecidas das pessoas que o procuram.
A mensagem
|
Para os
céticos
A ciência precisa investigar a sério a hipótese da comunicação entre médiuns e mortos
Para os
crentes
Essa hipótese ainda precisa passar por mais investigações para ser comprovada |
Muitas informações fornecidas
por médiuns, dizem eles, se confirmaram verdadeiras só mais tarde, após
pesquisa sobre o morto. Como pensar então em telepatia se só o morto detinha as
informações? Seria possível a ideia de comunicação direta com os mortos? Alguns
cientistas que estudam as percepções mediúnicas discordam dessa hipótese.
Acreditam que é possível não haver limite de espaço e tempo para percepções
mediúnicas. O médium poderia andar para a frente e para trás no tempo e no
espaço, coletando as informações que desejasse, quando e onde elas estivessem.
Num fenômeno em que comprovadamente não houvesse fraude ou sugestão inconsciente,
sobrariam apenas duas hipóteses: ou haveria a capacidade do médium de captar
informações em outro espaço e tempo; ou existiria mesmo a capacidade de
comunicação entre o médium e o espírito de um morto.
Atuais referências no estudo
científico de fenômenos tidos como espirituais, cientistas como Robert
Cloninger, Mario Beauregard, Erlendur Haraldsson, Stuart Hameroff e Peter
Fenwick aplaudem a iniciativa de Julio Peres em seu estudo. Esse neurocientista
brasileiro, que tem colhido apoio em seus pares, afirma que seus achados
“compõem um conjunto de dados interessantes para a compreensão da mente e
merecem futuras investigações, tanto em termos de replicação como de hipóteses
explicativas”. Outro coautor do estudo, o psiquiatra Frederico Camelo Leão,
coordenador do Proser, defende mais estudos acerca das experiências tidas como
espirituais. “O impacto das pesquisas despertará a comunidade científica para
como esse desafio tem sido negligenciado”, diz.
O QUE É MATÉRIA E O QUE NÃO É?
Da esquerda para a direita, os cientistas Alexander Moreira-Almeida, Júlio Peres e Andrew Newberg discutem os exames em 2008. O artigo final com todos os achados só foi publicado quatro anos depois.
(Foto: Denise Paraná/ÉPOCA)
O pesquisador Alexander
Moreira-Almeida, coautor do estudo e diretor do Núcleo de Pesquisas em
Espiritualidade e Saúde (Nupes), da Universidade Federal de Juiz de Fora, é o
principal responsável por colocar o Brasil em destaque nessa área no cenário
internacional. Moreira-Almeida recebeu o Prêmio Top Ten Cited, como o primeiro
autor do artigo mais citado na Revista Brasileira de Psiquiatria, com
Francisco Lotufo Neto e Harold G Koenig. É editor do livro Exploring
frontiers of the mind-brain relantionship (Explorando as fronteiras da
relação mente-cérebro, em tradução livre), pela reputada editora científica
Springer.
Ele afirma que a alma, ou como
prefere dizer, a personalidade ou a mente, está intimamente ligada ao cérebro,
mas pode ser algo além dele. Para esse psiquiatra fluminense, pesquisas sobre
experiências espirituais, como a mediunidade, são importantes para entendermos
a mente e testarmos a hipótese materialista de que a personalidade seja um
simples produto do cérebro. Moreira-Almeida lembra que Galileu e Darwin só
puderam revolucionar a ciência porque passaram a analisar fenômenos que antes
não eram considerados. “O materialismo é uma hipótese, não é ainda um fato
cientificamente comprovado, como muitos acreditam”, diz Moreira-Almeida.
Apesar de todos os avanços da
ciência materialista, a humanidade continua aceitando as dimensões espirituais.
Dados do World Values Survey revelam que a maioria da população mundial
acredita na vida após a morte. Em todo o planeta, um número expressivo de
pessoas declara ter se sentido em contato com mortos: são 24% dos franceses,
34% dos italianos, 26% dos britânicos, 30% dos americanos e 28% dos alemães.
Não há dúvida de que o materialismo científico foi instrumento de enorme
progresso para a humanidade. A dúvida é se ele, sozinho, seria capaz de
explicar toda a experiência humana. Para a maioria da população, a visão
materialista parece deixar um vazio atrás de si. Na busca de respostas para
nossas principais questões, muitos assinariam embaixo da frase de Albert
Einstein: o homem que não tem os olhos abertos para o mistério passará pela
vida sem ver nada.
* Denise Paraná é jornalista, doutora em
ciências humanas pela Universidade de São Paulo e pós-doutora, como visiting
scholar, pela Universidade de Cambridge, Inglaterra
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/11/os-avancos-da-ciencia-da-alma.html
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